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Rebelião do Serrotão: 10 motivos para a humanização do sistema


A humanização do sistema prisional é um ‘tabu’ entre os profissionais de segurança pública e até nas discussões da própria sociedade, pois quase todos entendem que o termo humanização significa “luxo”, “regalia”. Não é nada disso.
Para a surpresa de ‘alguns’, o ParaibaemQAP lista abaixo pelo menos 10 motivos para ‘humanizarmos’ as cadeias.

1 – Não pense que existem apenas ‘bandidos’ nas prisões. Um dia, qualquer um de nós ou dos nossos familiares pode cair num presídio. Um homem que convive 20 anos casado com sua esposa e nunca ergueu o braço para machucá-la pode não suportar a surpresa de uma ‘traição’ e vir a matá-la. É um criminoso e tem, sim, de pagar pelo ato. Mas não é um bandido propriamente dito.
2 – Um psicólogo [por exemplo] leva uma vida normal, mas não sabe se controlar após alguns goles de cerveja ou uísque. Bêbado, ultrapassa o sinal vermelho e bate em outro veículo, vindo a matar uma, duas, três, quantas pessoas estiverem no seu destino. É um criminoso e deve, sim, pagar por cada vida ceifada. Mas não se enquadra, necessariamente, na condição de ‘bandido’.
3 – ‘Junhinho’ completou 18 anos de idade e agora já pode ir para a cadeia. Arranjou uma namorada que gosta de festas e roupas bonitas, mas não tem condições de bancar a garota. Filho de pais pobres (e que não o orientaram como deveriam), Juninho ‘precisa’ arranjar dinheiro para não perder a ‘mina’. Como não tem perfil violento para roubar nem matar ninguém, arrisca vender algumas pedras de crack, até conseguir um emprego. Não dá tempo. Sem malícia para o negócio, no segundo dia de venda ilegal ele é flagrado numa abordagem policial com 50 pedras da droga e vai responder por tráfico.        
4 – O homem traído, o psicólogo bebarrão e o jovem que não tinha coragem de roubar nem matar ninguém vão direto para o presídio. Se conseguirem uma vaga para trabalhar na unidade, ‘menos mau’. Mas em se tratando de sistema prisional brasileiro, quem já está no relativo paraíso dos trabalhos internos não quer deixar o posto. Os três criminosos acima vão ter que se misturar com os bandidos de verdade.
5 – Estranhos no ninho, o trio novato é obrigado a rezar a cartilha que há décadas vigora no mundo prisional. Não pode ‘cabuetar’ nenhuma irregularidade; jamais olhar para a mulher alheia; se a família tiver alguma condição financeira, “desenrole dinheiro!”; em dias de motins/rebeliões, quem não aderir é morto. De que lado você estaria, prezado leitor?
6 – Os agentes penitenciários não têm condições [e os PMs muito menos!] de monitorar todos os milhares de presos que entram e saem dos presídios, de forma a saber “quem é quem” naquele caldeirão humano, principalmente durante os motins, onde os apenados tapam seus rostos com panos. Na hora que a bomba estoura, é mais prudente – e seguro! – apertar o gatilho do que procurar, na ficha criminal guardada no setor burocrático, o grau de periculosidade de cada detento. Se fosse para fazer isso, não existiriam mais presídios ‘em pé’ no Brasil...
7 – O que acontece no sistema prisional do país da Copa 2014, e certamente em vários paísessubdesenvolvidos do mundo, é o controle exercido por uma minoria psicopata sobre um rebanho formado de analfabetos envolvidos no crime, bêbados irresponsáveis ao volante, homens traídos pelas esposas, jovens que topam vender drogas, mas não têm coragem sequer de roubar... Dentre outros. Embriagados pela cantilena de um tal “direitos humanos”, nós brasileiros temos medo de ir para o inferno no pós-morte e não conseguimos isolar os psicopatas comandantes dos quase sempre ‘irrelevantes’ dominados.
8 – Dopados por outra leva de informações inverídicas, somos passivos ao acreditar que uma das maiores economias do mundo não tem dinheiro para neutralizar os irrecuperáveis e dominar os iludidos, no nosso sistema prisional. Na mentalidade da maioria dos governos que conhecemos, é muito mais ‘barato’ chamar todo mundo de ‘bandido’, acolhê-los num ambiente só e culpar agentes penitenciários e policiais militares, quando do “flagrante abuso da força” (alguém já leu o desfecho da história do Carandiru?...).               
9 – O traído que virou assassino, o bêbado que matou sem querer (assumiu o risco; é diferente) e o moleque desorientado que arriscou a sorte para agradar a namorada não têm força nenhuma para eclodir uma rebelião em presídio nenhum deste país. Se a Lei da Execução Penal fosse, de fato, cumprida pelo poder público competente, o cenário dentro e fora dos presídios seria outro completamente diferente.
10 – Se você é profissional da segurança pública ou outro cidadão da nossa sociedade alucinada, tenha certeza: “um instante de fúria”, “um acidente de trânsito” e “uma bobagem de menino apaixonado” podem acontecer bem no seio da sua família e levá-lo a conviver anos e mais anos com o ambiente estampado na imagem acima.
Não se engane: nós precisamos humanizar o sistema. 

Matéria retirada do site ParaibaemQAP | 07 MAI 2013 | 11:03 
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1 Comentario "Rebelião do Serrotão: 10 motivos para a humanização do sistema"

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