“Poxa, seu agente, você tá de folga hoje? Então
deixa que quando tu tiver de serviço a gente acerta as contas...”
Foto ParaibaemQAP |
Existe um flagrante desejo por parte de alguns ativistas dos direitos
humanos e, principalmente, de correntes religiosas, no sentido de barrar
o porte de armas para agentes penitenciários fora de serviço.
O motivo desse lobby talvez resida no histórico da classe profissional
prisional, já que em seu legado há também flagrantes casos de torturas,
corrupção e outros males extra-muros, cometidos por uma parcela dos
profissionais, talvez na mesma proporção dos casos de padres/pastores
pedófilos/assediadores em suas respectivas funções (favor, não entendam
como uma ofensa. É a imprensa que tem mostrado que desvios de conduta
existem em todos os setores).
Mas voltemos ao assunto e pensemos bem: como seria a sociedade aqui
fora, se, de uma vez por todas, os agentes penitenciários fossem
impedidos de usar armas de fogo em suas horas de folga e, mais que isso,
fossem punidos quando flagrados em desacordo com essa determinação?
Primeira consequência – Evasão profissional
Dizemos sem medo de errar que, uma vez estabelecida fielmente essa norma, 90% ou mais dos atuais servidores prisionais deixariam o emprego. E os estados teriam que contratar pessoas com muita coragem para exercer a função. Quem se habilita?
Segundo reflexo – MAIS violência nos presídios
Digamos que centenas de supermans aceitassem trabalhar no sistema prisional e, após as 24 horas de plantão, deixar a arma nas dependências da penitenciária, saindo de lá de “cintura vazia”. Não se engane, caro leitor: esses agentes jamais iriam se meter a tirar celular de presídio, procurar drogas em camas e roupas dos presos [como na foto acima], retirar armas de tetos e paredes das celas, sufocar princípios de motins e rebeliões que invariavelmente acabam em mortes e/ou feridos. Com o tráfico de drogas correndo solto dentro das prisões, a disputa pelo domínio do pedaço seria mais sangrenta. Quem se apresenta voluntário a enfrentar essa guerra sem ter o direito de se proteger nas ruas, depois de deixar o trabalho?
Terceiro resultado – Aumentaria o número de fugas e resgates
“Ora, mas no presídio e nas escoltas os agentes poderiam trabalhar armados!” Sim. E daí? A vida do agente prisional segue no além-muros da prisão. Aqui fora, onde a sociedade parece ter 12 graus de miopia e não usa óculos, agentes penitenciários vão à padaria da esquina, pegam seus filhos na escola, pagam suas contas no banco, usufruem [quando dá] algum lazer em clubes, festas públicas, casas de show diversas. Do que adianta “embaçar na dos criminosos” durante o serviço, se a vida continua [desarmada] lá fora? Alguém em sã consciência acha que um bandido perigoso vai olhar para um agente na rua e dizer “poxa, cara, tu está de folga é? Então deixa pra lá... Quando tu tiver de serviço a gente acerta as contas...” Armados só durante o serviço? É melhor deixar os presos fugirem ou serem resgatados por comparsas.
Conclusão –Nem tanto nem tão pouco
É absolutamente compreensível a preocupação de setores humanistas e religiosos sobre os desvios de conduta no sistema prisional. Mas daí a querer punição a todos os profissionais – sim, desarmá-los fora de serviço é uma sentença anunciada! – já é exagero.
A sociedade é quem sabe qual a eficiência do sistema prisional que ela deseja. Se for para optarmos pelo extremismo, então não deixemos mais que padres se aproximem de crianças/adolescentes. Nem permitamos que mulheres frequentem igrejas evangélicas.
Favor, não encarem o texto como uma afronta generalizadora. Os agentes penitenciários também sentem na pele que, quando a fama pega, é cruel.
Primeira consequência – Evasão profissional
Dizemos sem medo de errar que, uma vez estabelecida fielmente essa norma, 90% ou mais dos atuais servidores prisionais deixariam o emprego. E os estados teriam que contratar pessoas com muita coragem para exercer a função. Quem se habilita?
Segundo reflexo – MAIS violência nos presídios
Digamos que centenas de supermans aceitassem trabalhar no sistema prisional e, após as 24 horas de plantão, deixar a arma nas dependências da penitenciária, saindo de lá de “cintura vazia”. Não se engane, caro leitor: esses agentes jamais iriam se meter a tirar celular de presídio, procurar drogas em camas e roupas dos presos [como na foto acima], retirar armas de tetos e paredes das celas, sufocar princípios de motins e rebeliões que invariavelmente acabam em mortes e/ou feridos. Com o tráfico de drogas correndo solto dentro das prisões, a disputa pelo domínio do pedaço seria mais sangrenta. Quem se apresenta voluntário a enfrentar essa guerra sem ter o direito de se proteger nas ruas, depois de deixar o trabalho?
Terceiro resultado – Aumentaria o número de fugas e resgates
“Ora, mas no presídio e nas escoltas os agentes poderiam trabalhar armados!” Sim. E daí? A vida do agente prisional segue no além-muros da prisão. Aqui fora, onde a sociedade parece ter 12 graus de miopia e não usa óculos, agentes penitenciários vão à padaria da esquina, pegam seus filhos na escola, pagam suas contas no banco, usufruem [quando dá] algum lazer em clubes, festas públicas, casas de show diversas. Do que adianta “embaçar na dos criminosos” durante o serviço, se a vida continua [desarmada] lá fora? Alguém em sã consciência acha que um bandido perigoso vai olhar para um agente na rua e dizer “poxa, cara, tu está de folga é? Então deixa pra lá... Quando tu tiver de serviço a gente acerta as contas...” Armados só durante o serviço? É melhor deixar os presos fugirem ou serem resgatados por comparsas.
Conclusão –Nem tanto nem tão pouco
É absolutamente compreensível a preocupação de setores humanistas e religiosos sobre os desvios de conduta no sistema prisional. Mas daí a querer punição a todos os profissionais – sim, desarmá-los fora de serviço é uma sentença anunciada! – já é exagero.
A sociedade é quem sabe qual a eficiência do sistema prisional que ela deseja. Se for para optarmos pelo extremismo, então não deixemos mais que padres se aproximem de crianças/adolescentes. Nem permitamos que mulheres frequentem igrejas evangélicas.
Favor, não encarem o texto como uma afronta generalizadora. Os agentes penitenciários também sentem na pele que, quando a fama pega, é cruel.
e verdade gostei
ResponderExcluir