O agente penitenciário Nicássio Cordeiro de
Lima, 33 anos, foi executado com seis tiros na tarde dessa
quarta-feira, 5 de novembro, dentro de sua própria casa, na cidade
de Bayeux. De acordo com as primeiras informações, o crime foi
cometido por quatro bandidos.
Nicássio estaria lavando o seu carro, quando os
assassinos chegaram atirando. Ele foi atingido na cabeça, no abdômen
e pernas. O agente morreu na hora.
MOTIVAÇÕES I
A polícia e o sistema penitenciário estão
investigando a morte do agente. Mas como no Brasil um policial é
assassinado a 32 horas em razão da profissão, é grande a
probabilidade de Nicássio ter entrado para a estatística que o país
faz questão de ignorar (pior para a sociedade...).
MOTIVAÇÕES II
O agente era lotado no Copen (espécie de ‘Copom’
do Sistema Penitenciário) e, por isso, não tinha nenhum contato
direto com apenados. Porém, Nicássio morava numa localidade
dominada por traficantes. Caso se confirme o assassinato “apenas
por ser agente prisional”, é sinal de alerta para os profissionais
de segurança pública na Paraíba.
ORIENTAÇÕES
Quando os agentes penitenciários do primeiro e
até único concurso público (2009) assumiram os postos, os
servidores mais antigos, prestadores de serviço, costumavam dizer
“vocês ainda vão passar muita coisa, inclusive chorar a morte de
companheiros assassinados”. A velha guarda não estava brincando.
Caso confirme a relação do crime com a profissão, Nicássio, que
foi convocado na segunda chamada do concurso, teve menos de quatro
anos para ser a prova real desse alerta.
‘PUNIÇÕES’ [?]
Nós acreditamos piamente que os assassinos de
Nicássio serão presos, pois sabemos da competência das nossas
polícias. Porém, eles NÃO serão punidos. Nós, que lidamos
diretamente com a bandidagem, ouvimos deles mesmos declarações do
tipo “cumprir pena no Brasil é tirar férias”; “comer de
graças às custas do governo”. A lei brasileira prevê uma série
de regalias para detentos, e quando os assassinos de Nicássio forem
presos, não será diferente. Agora, neste exato momento, a família
do agente chora e NÃO vai receber apoio de entidades que juram
defender os direitos humanos. Mas se qualquer um dos ‘direitos’
dos assassinos forem negados, tenha certeza: a grita será grande.
COMEMORAÇÕES
O sistema penitenciário da Paraíba deveria
decretar um mês (ou mais!) sem visita em todos os presídios do
estado. Não vai morrer preso por isso. No entanto, o que os agentes
penitenciários vão presenciar nas unidades é exatamente o oposto:
uma comemoração coletiva pela execução de Nicássio.
PREVISÕES
Antes, dificilmente se matava profissionais da
segurança pública. Com o tempo, um ou outro aparecia morto. Depois,
vieram os confrontos nas ruas. Em seguida, as tocaias. Agora, a
matança planejada que chega a invadir a própria casa das vítimas.
Amanhã... ?
OPINIÕES
A turma hipocrisia não gosta, mas o Paraiba em
QAP não existe para agradá-la. O Brasil atravessa uma grave crise
na segurança pública, e a filosofia dos responsáveis por nossas
leis serve de combustível para aumentar ainda mais a onda de
violência. Matar um servidor público não é assassinar uma
‘pessoa’, simplesmente. É atacar o Estado. Consequentemente,
enfraquecer a sociedade. O Brasil já passou da hora de implantar
prisão perpétua e/ou pena de morte para determinados crimes e
criminosos. Lembre-se: não estamos aqui para agradar!
CONCLUSÕES
As motivações para a morte de Nicássio podem
até não ter nada a ver com o escrevemos neste artigo (aguardemos as
investigações). Mas não importa. Estamos no país onde um policial
é executado a cada 32 horas, por causa do distintivo que carrega. O
texto cabe em qualquer momento e para qualquer lugar aquém das
nossas fronteiras.
Matéria publicada no paraibaemqap.